segunda-feira, 25 de março de 2013

Bairro Alto a perder também os alfarrabistas


Bairro Alto a perder também os alfarrabistas

Barulho excessivo, ilegalidades óbvias, lixo nos passeios, urina nas portas das casas e dos automóveis, um misto de favela brasileira e de bairro tailandês pobre com os «tuc tuc» mas sem as meninas de 12 anos - é este um dos retratos do Bairro Alto actual. Porque há mais: o trânsito caótico com multas para os moradores e «olhos fechados» para os visitantes que muitas vezes fecham as saídas do Bairro. Qualquer «chico-esperto» contrata músicos amadores que tocam de porta aberta para a rua onde rapazes orientais vendem garrafas de cerveja a um euro a unidade. Como os bares não têm o seu WC pois são do tamanho dos WC a solução para os barulhentos visitantes é usar a rua como WC. Há uma esquadra da PSP dentro do perímetro do Bairro Alto mas não se nota grande diferença para o panorama anterior e além disso a Polícia Municipal fica muito longe daqui - em todos os aspectos. Agora temos no Bairro uma mudança para pior: estão a fechar os nossos alfarrabistas. Primeiro foi a Barateira, depois foi a Camões, antes tinha sido a Bocage e agora há pouco tempo foi a Biblarte. Esta em São Pedro de Alcântara nem o Fernando Pessoa a pôde salvar. Já tínhamos tido os jornais a acabar (Popular, Lisboa, República, O Século, A Capital, Gazeta dos Desportos), um outro a ir-se embora do Bairro (Record) e apenas outro a resistir ainda - A BOLA.

Há quem tenha esperanças no espírito de regeneração do Bairro Alto, na sua capacidade de se adaptar a novas situações adversas mas eu não esqueço que o grande Camilo Castelo Branco nasceu na Rua da Rosa em 1825. A mim quem me tira o papel tira-me a vida. Agora já dizem que em Agosto saem os dois alfarrabistas do Largo da Misericórdia. Se assim acontecer ainda vai ser pior. Porque os alfarrabistas não são apenas nossos, são de toda a agente.
José do Carmo Francisco


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